quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Educação Pública: Uma Visão Aterradora

            ATENÇÃO: Deixo claro de que esta postagem é de cunho TOTALMENTE PESSOAL e que as ideias expostas através dele não são de forma alguma ligadas ao projeto ou à instituição à qual estou matriculado, de forma que o único responsável por ela é o seu escritor e ninguém mais.

É impossível não reconhecer o desleixo de grande parte das autoridades para com a educação.
“A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” Esta frase é de Paulo Freire, tido como um dos maiores educadores do mundo, senão o maior. Ele é brasileiro, o que, na realidade em que nos encontramos, é quase uma ironia: “Um grande educador vindo de um país cuja educação é mínima”.
A educação de um país é um fator determinante na geração de desenvolvimento: a França e o Reino Unido, países de “primeiro mundo”, chegaram a seu atual estágio socioeconômico através de investimentos maciços na educação e na valorização do profissional da área: o professor.
O governo da Federação Brasileira parece ter pouco apresso pela educação, muitas vezes a situação das escolas públicas é decrépita, um verdadeiro desrespeito para com os alunos, os professores e as comunidades. Infelizmente, esta não é uma realidade isolada. Tomando por exemplo a realidade em que estou inserido, irei lhes relatar a situação da Escola Municipal Presidente Café Filho, localizada em Lagoa Salgada.
“Por onde começar na listagem dos problemas?” seria uma boa pergunta.
A estrutura da escola deixa a desejar em vários aspectos. Há necessidade de uma reforma nos banheiros, onde a urina parece ter infiltrado nas paredes, o que gerou um mau cheiro que afeta não só os usuários dos banheiros, mas também os alunos e professores que fazem uso das salas adjacentes. A estrutura de parte do teto também está comprometida, o que representa um risco fatal àqueles que fazem uso das salas de aula.
O calor muitas vezes é insuportável para os educadores e os educandos: em grandes salas lotadas muitas vezes só há um ventilador, isso quando ele funciona, e as janelas muitas vezes não são tão eficientes quanto se espera que sejam. Ainda sobre elas, um fato bem curioso é que quando uma folha de um dos janelões que fazem a ventilação das salas de aula caiu, no lugar de colocar outra, “taparam o buraco” com uma parede de alvenaria.
            A merenda escolar muitas vezes é ineficiente, isto é, quando há merenda escolar. O pior é que quem sofre com a falta de merenda são os educandos, principalmente as crianças do turno da manhã, cuja condição muitas vezes só permite que eles venham ter a primeira refeição na escola, imaginem então, leitores, a situação em que se encontram essas crianças quando não há merenda. Muitos chegam a passar mal.
            Ainda sobre as refeições escolares é importante mencionar a necessidade de um refeitório para que os alunos possam se alimentar com algum conforto, já que muitas vezes eles são forçados a comer de cócoras ou em pé.
            A razão de tudo isso, além do desprezo da Prefeitura e da Câmara de Vereadores, é a falta do Caixa Escolar, uma unidade executora obrigatória para que as instituições de ensino possam receber recursos. O motivo? Uma irregularidade no governo de um dos prefeitos anteriores que não é e não pretende ser denunciada graças à configuração extremamente oligárquica em que não só Lagoa Salgada se encontra imersa, mas o Nordeste em peso.
            Graças a esta situação todas as escolas da rede municipal de ensino estão impossibilitadas de executar grandes reformas (as menores são executadas pela prefeitura, mas sempre deixando a desejar alguma coisa) e tem sempre de recorrer ao apoio monetário da prefeitura ou dos próprios professores para a realização de eventos, onde muitas vezes o próprio prefeito é laureado pelo que não fez.
Não posso deixar de mencionar que os professores da rede de ensino municipal de Lagoa Salgada recebem de acordo com o piso salarial federal, ou seja, mais do qualquer em qualquer outro município da região, e que este é um sinal da valorização do profissional: fruto de uma série de negociações entre os professores e a Prefeitura.
Por fim, peço aos administradores de meu município que mudem sua política em relação à educação e aos outros segmentos de sua prefeitura, já que foi por isso que o voto de meus conterrâneos lhe colocaram no poder.
E aos administradores dos municípios do Brasil, peço que revisem suas políticas, que observem a educação com mais apresso, que saibam que este é um dos segmentos mais importantes de vossos governos, por isso, tenham-no ainda mais em conta e façam de suas escolas exemplos de organização e aprendizado, até porque suas ações como governantes não irão lhes prejudicar em nada, muito pelo contrário, seus nomes como prefeitos e vereadores serão dignificados e honrados.

Afetuosamente,
Raul Rodrigues







Um comentário:

  1. Caríssimo Raul,

    Infelizmente esta é uma realidade cada vez mais presente e vivenciada por nós brasileiros. É vergonhoso para nós potiguares sabermos que, ano após ano, entra governo e sai governo e o nosso Estado encontra-se contornado pelo pior índice educacional do país. Constitui-se um panorama que, muitas vezes, passa por longe da prioridade de nossos governantes, isso em virtude da política empregada que é do assistencialismo. É lamentável termos que conviver com índices lastimáveis no que diz respeito a educação. O Brasil que é o país do futebol; do samba; das belezas naturais, também é o país da precariedade do ensino público que, nos inferioriza com relação a muitos países no que alude ao analfabetismo.

    Parabéns amigo, esta é uma realidade que deve ser encarada, desmascarada, enfrentada com todas as nossas forças, para que um dia possamos vê o nosso torrão menos desigual consequentemente mais justo e melhor de se viver.

    Um grande abraço,
    J. Paulo - Meliponário Campos Verdes

    ResponderExcluir